
O dia de ontem e a madrugada de hoje foram momentos de extraordinária reflexão de todos os que estão envolvidos com o ensino do Jornalismo. O que me chamou a atenção, no entanto, não foram as vozes autorizadas da academia nem as propostas precipitadas de campanhas (algumas até com slogans prontos). O que me chamou a atenção nas diversas comunidades de que participo foi a maturidade manifestada pelos estudantes. Poucas foram aquelas despeitadas e rancorosas do tipo "vou trancar a matrícula" ou "vou fazer outro curso porque meu diploma não vale nada". O que ocorreu foi uma verdadeira guerrilha de cobrança dos cursos, uma saudável expectativa de que, com a decisão do STF, as faculdades de Jornalismo encarem com seriedade e compromisso a responsabilidade que têm com seus alunos.
Se o diploma não é mais exigido, o jornalismo continuará a exigir formação de qualidade. Penso que essa iniciativa deve ser recuperada pelos cursos específicos desde que permitam aos que os procuram a construção de horizontes avançados para a inovação conceitual e para a inovacão aplicada. A decisão tomada ontem pelo STF abre a discussão em dois sentidos: um é o dos efeitos que ela terá sobre a acomodada reserva de mercado que construiu posições imobilistas; outro é o do a inquietação sobre os desafios que a profissão passa a viver a partir de agora. Torço para que a comunidade universitária se preocupe com este último aspecto e deixe de lado, de uma vez por todas, o primeiro.
Leia as ponderações do Prof. Rogério Christofoletti, da Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, e conheça também as reflexões do jornalista Pedro Aguiar divulgadas na lista do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo.
E mais: André Mazini e Leandro Fortes também escrevem sobre as consequências da decisão do STF.
5 comentários:
Faro, querido..
Bom texto e te pergunto os caminhos para essa formação sólida intelectual... Acho que na verdade tudo deveria ser desconstruído e pensado novamente. A academia já está ultrapassada, a inovação bate em nossas portas e ninguém está deixando entrar.. E isso me entristece. Espero mesmo daqui ha uns 10 anos poder fazer novamente este curso. E quem sabe te encontro por lá..
Só lamento pela profissão ser tomada agora como função de "qualquer um". Não penso em trancar o curso, pois nunca quis em fazer jornalismo para diploma, mas para aprender o que se trata. Todo mundo pode cozinhar em casa, todo mundo pode escrever. Mas pouco sabem preparar um banquete digno. Acredito, e espero, que as empresas sérias continuem privilegiando os bons profissionais. Tenham eles um "título" ou não.
Eu, como jornalista formada e pós-graduando, fico indignada com a decisão do STF.
A não obrigatoriedade do diploma de jornalismo p/ exercer a profissão vai acarretar em despreparo e falta de emprego a quem estudou de fato.
O diploma não acaba com o direito a liberdade de expressão. Apenas capacita o profissional a passar info adequadamente. Não é para qquer um.
Quem quer brincar de jornalista exercendo o direito a liberdade de expressão, monte um blog e não roube emprego de quem estudou.
A classe de jornalistas acabou. Não existe mais, na minha opinião. Que belo exemplo deste país, o único que acredita na balela aprovada ontem.
O diploma deveria garantir nossos empregos sim. As redações estão repletas de profissionaois que não são jornalistas... e muitos jornalistas de fato estão passando fome, sem seus empregos. Vamos chorar sim, e muito. O jornalismo vai falir no Brasil.
Olá professor,
Saudades das suas aulas! Só venho aqui dizer que não desistirei da faculdade. Não estou lá só para comprar um diploma à prestações!
Um abraço,
Luana Arrais
É triste a crise em que se encontra a situação do jornalismo nesse país, querido professor. Em vez de primarem por um jornalismo sério e responsável, que já está complicado, é só tomar como exemplo o caso do blog da petrobrás, isolam essa situação e buscam uma alternativa que se assemelha a uma liberdade de expressão! Isso me parece mais uma baderninha !!! Como disse Matheus Adami, o buraco é bem mais embaixo ...
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