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Raymond Williams |
De todo o conjunto da obra, o momento que me parece mais rico é o da análise que a autora faz do texto Culture is Ordinary que Williams produziu em 1958: a apropriada distinção entre os dois sentidos do conceito de Cultura com os quais ele trabalha - o da designação de "todo um modo de vida - os significados comuns" e o da designação das "artes e do aprendizado - os processos especiais de descoberta e esforço criativo", de onde emerge a intersecção possível da crítica literária e da própria Literatura como instrumento de cognição e de demonstração da realidade social. Diz Cevasco que "Pensar a criatividade como ordinária, equivale a ver a arte como uma especificação de um processo geral de descoberta, criação e comunicação, redefinindo seu estatuto e encontrando a maneira de ligá-la à vida social".
A referência vem a propósito de uma recorrente dificuldade que percebo em tentar ampliar a discussão em torno das determinações presentes nos processos comunicacionais que aparentemente situam em polos distintos e antagônicos a informação e o público, eixo em torno do qual pretendo desenvolver o curso programado para este ano. Mais que isso, no entanto, a reflexão de Williams também nos leva a rejeitar a ideia de um "texto" estruturado de forma autônoma e isolada, capaz e ser lido a partir de uma suposta imanência interior - que inviabilizaria qualquer correlação sua com a dinâmica cultural do todo social. Vou recomendar a leitura do livro de Cevasco como introdutória, mas esse é um capítulo da Sociologia que deveria estar presente em disciplinas básicas nos cursos de Comunicação...
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