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Usina de Dai-Ichi: escolhas políticas erradas ampliaram o desastre |
É claro que muita coisa virá à tona nos próximos dias e meses, eventualmente nos próximos anos, até que se conheça a extensão dessa irresponsabilidade que externaliza o risco de contaminação em áreas muito distantes do Japão, e é até provável que ocorra uma revisão global do uso da energia nuclear em outros países, mas o registro de que há por trás desses acontecimentos uma variável de natureza política que, uma vez evitada, poderia ter reduzido os custos humanos do desastre, serve para a compreensão de que o mundo não está diante de uma fatalidade, como o senso comum insiste em afirmar.
Esse é um aspecto do problema. O outro, que considero igualmente relevante, refere-se a essa dupla dimensão que a racionalidade tecno-científica (para usar uma expressão de Boaventura de Sousa Santos) adquire na contemporaneidade: um instrumento de ampliação dos níveis de bem-estar e de domínio da natureza, de um lado; mas também um instrumento de "regulação" das próprias formas de vida. Essa ambivalência do mito do "progresso" - que tem na energia nuclear uma de suas principais conquistas - pode explicar o estilo de civilização cuja fragilidade fica evidenciada agora no Japão mas que está presente em todo o projeto global de crescimento econômico.
Em tempo:
* Segundo o jornal El País, nos últimos 35 anos, o Japão só revisou três vezes as medidas antisísmicas de suas usinas nucleares. Saiba mais.
* Fukushima reabre o debate sobre o uso da energia nuclear. Leia aqui a resenha que o presseurop faz sobre o que a imprensa europeia publica em torno do assunto.
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