![]() |
Quais as marcas que nos ameaçam? |
A rigor, portanto, não percebo qualquer sinal de soberania na iniciativa do governo federal, se é que ela, além disso, não vai nos encher de problemas na Organização Mundial do Comércio... e levar-nos a um recuo humilhante. Particularmente, gostaria que uma bravata como essa se manifestasse em relação aos bancos, aos usineiros, e especialmente na elaboração de um projeto de desenvolvimento industrial que não representasse o agravamento da dependência tecnológica que mantemos em relação ao núcleo dos países mais ricos do sistema capitalista. Quem é que se ilude com a montagem de iPads? Torço para estar enganado, mas estamos nos tornando um enclave de mão de obra barata para onde se dirigem as marcas da globalização. O México, por exemplo, escolheu esse caminho. O resultado é o que se vê: praticamente desapareceu como nação soberana.
Mas a mesma semana que vê o governo caminhar nessa direção equivocada - vê também surgir na área do ensino superior uma demonstração do gigantesco obstáculo que nos separa do desenvolvimento: a aquisição da Uniban pela Rede Anhanguera. Não tenho nada conta o desaparecimento da Uniban. Ela já vai tarde, tal é o papel que teve na educação universitária brasileira como paradigma da desqualificação, no âmbito do ensino e também no âmbito do desrespeito aos seus professores. Espantoso mesmo é observar como é que um trambique desses conseguiu sobreviver até hoje.
Mas se não tenho nada contra o sumiço da Uniban, tenho opinião completamente diferente em relação à sua compra pela Anhanguera. Explico: a operação cria em São Paulo, mas com efeitos nocivos em todo o país, um nível de concentração econômica no setor do ensino privado que reduz muito a possibilidade de que o Estado - aí sim - mantenha sua soberania na Educação e na produção científica. A transação - que pode até ter recebido injeção de recursos do BNDEs - está mais próxima de uma fusão de frigoríficos do que de instituições de ensino. O ministro Mercadante, apressado em afirmar que o aumento do IPI para os carros importados visa favorecer a importação da mesma tecnologia que agrava nossa dependência, deve ter muito pouco a dizer sobre a nulidade que representa para a ciência no Brasil a existência dessa tal "rede" Anhanguera... caso ele saiba do que estamos falando... É pergunta que não cala: alguém conhece alguma contribuição efetiva, um livro, um artigo, uma descoberta, um evento de alguma relevância que essa empresa trouxe para a Universidade brasileira desde que iniciou sua aventura financeira? Pois agora parece que nos tornamos um pouco mais reféns desse processo.
Em tempo: sugiro a leitura aqui das matérias selecionadas sobre os temas desta postagem.
______________________________
Em tempo: sugiro a leitura aqui das matérias selecionadas sobre os temas desta postagem.
______________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário