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Ministério da Educação precisa retirar sua chancela das bad apples do sistema universitário nacional |
Como causa dessas "consequências nefastas" (vai aqui um pouco da retórica que me parece que o caso exige) venho usando o conceito de "efeito Anhanguera" - uma cultura da esperteza e do gigantismo econômico-financeiro que se espalha pelo conjunto do sistema e que tem nessa holding uma paradigma que normatiza, para pior, as práticas de todas as escolas privadas. A rigor, penso que esse desdobramento no âmbito da ação dos empresários, com apego às mais legítimas tradições da selvageria com a qual sempre pautaram seu comportamento, tem como resultado a desorganização da presença reguladora do Estado. No final das contas, como pude afirmar em outro comentário, ministros após ministros, governos depois de governos, o que se verifica é sempre a sujeição do poder público à política do fato consumado das empresas. Em suma: duvido muito que o escândalo da burla do Enade seja uma prática exclusiva da Unip e nem que era ignorada pelo MEC.
A outra face do problema entendo que está ligada à filosofia pedagógica que orienta todo o conjunto das avaliações promovidas pelo governo: o critério do desempenho quantitativo do estudante como referência de qualidade. Enem e Enade são também contaminados pela orientação que favorece a constituição fraudulenta e manipulada dos universos de alunos que as escolas relacionam para as provas. A regra do jogo, portanto, o gaming como isso é denominado no editorial do Estadão de hoje (leia aqui), tem espaço que minimiza a prática anti-ética das escolas, o que as estimula a prosseguir na mesma política da vantagem a qualquer custo.
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Leia aqui a matéria do Estadão de 03 de março e acompanhe os desdobramentos da denúncia sobre as irregularidades praticadas pela Unip na avaliação do ENADE.
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2 comentários:
Outra prática corriqueira das "faculdades Anhanguera" é, tal qual uma empresa em competição selvagem no mercado, reduzir custos e extirpar de seus quadros os professores com mestrado e doutorado, deixando apenas os tidos "especialistas", ou professores só com uma gradução e larga experiência na área. Essa prática foi deflagrada em algumas unidades da Anhanguera em outubro de 2011.
A julgar por esses casos e outros, o ensino superior brasileiro vai de mal a pior. Triste, triste...
Digo mais, não é apenas extirpar os professores com mestrado e doutorado para reduzir os custos. Até porque, são raras as particulares que consideram o título como um diferencial no valor da hora aula, em diversos casos o salário é nivelado.
É, antes disso, ter um projeto pedagógico voltado exclusivamente para o mercado e com o objetivo de atender ao anseio tecnicistas dos alunos.
Sendo assim, se não existisse a necessidade de quantificação do número de mestres e doutores que compõem o corpo docente do curso, pelo MEC, talvez não tivéssemos nenhum destes dando aula em faculdades particulares. É como começar a retirar as cartas da base do sistema educacional, vamos ruir todo o castelo se não mudarmos o rumo.
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