Continuo impressionado com o estado de dissolução e descontrole em que vive o México. Na minha opinião, desfeitos os sonhos nacionalistas e terceiromundistas de Emiliano Zapata, Pancho Villa e Luis Echeverria, o caminho da modernização associada ao imperialismo dos Estados Unidos através do Nafta e a introdução de práticas neoliberais - que transformaram o país num galpão de embalagens operado por mão-de-obra semi-escrava - acabaram resultando nisso que está aí: um país dominado pelo narcotráfico e vivendo em plena desarticulação social.
Chama a atenção, no entanto, o perfil do presidente que pensou tornar-se o fiador dessa política, o jovem e anacrônico yuppie Peña Nieto - uma espécie de versão mexicana para século XXI do cubano Albertinho Limonta. Tudo ao seu redor me parece semelhante a um teatro de aventuras, ao estilo dos dramalhões da televisão, em sua vida pessoal e em sua carreira política, a exemplo dos escândalos de corrupção que agora ameaçam a própria estrutura institucional do país.
Já tivemos no Brasil coisa semelhante, é bom lembrar: Collor de Melo, por exemplo, representou como ninguém a figura-síntese de um país "novo", como aliás ele próprio se encarregou de enfatizar durante a campanha que o levou à presidência da República e de onde um impeachment o tirou. Agora mesmo, o aventureiro Aécio Neves por pouco não se transforma num Peña Nieto caboclo com suas promessas de "mudança" que animou uma galera meio irracional, preconceituosa e embrutecida. Temo pela simbologia cativante que essa turma traz consigo, algumas vezes recheada de saudosismo totalitário e de apelo militar - como o estreante Eduardo Bolsonaro, que nem mesmo num comício - onde tem o direito de estar e de falar o que bem entender - deixou de mostrar no coldre posto na cintura qual é a verdadeira natureza de seu discurso. Argh!
Sugiro a leitura: A fossa da barbárie, A reconstituição do sequestro e morte dos estudantes e A nova geração de cartéis mexicanos.
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