O Brasil de Eduardo Cunha: quanto tempo esse pesadelo vai durar?

Temo não dar conta de toda a extensão do fenômeno, mas sou tentado a apelidar de cunhismo esse conjunto de fatos que atestam o nosso conservadorismo obscuro e desinteligente que se manifesta no fragmento do noticiário, na maldade do boato ao pé do ouvido, na pequenez da província e na mente do populista de quarteirão, no preconceito e no apego ao moralismo obtuso.

Digo cunhismo porque me parecem ser essas as "qualidades" do presidente da Câmara, um conjunto de desvirtudes que associam sua intransparência à catarse que sua liderança tem sobre aquele conjunto que forma o  baixo clero dos deputados, uma gente esquisita que desfruta de um poder incompatível com sua acanhada e triste percepção do mundo.

Tiro do Estadão uma seleta de notícias que podem nos ajudar a entender esse processo: * a Sabesp decretou sigilo de 15 anos sobre os dados da rede de água e  esgoto sob o pretexto de  evitar o uso inadequado das reservas e colocar em risco a população. * Em Botucatu, uma escola estadual proibiu que uma aluna entrasse atrasada nas aulas mesmo com a justificativa de que o atraso foi motivado pela amamentação de seu filho.  * As redes sociais viralizaram a  Operação Sonho de Valsa, como foi chamada a iniciativa de um delegado da Polícia Federal em Roraima que abriu procedimento oficial contra uma faxineira de 32 anos - com 4 filhos - que cometeu o "crime" de pegar de sua mesa um bombom. * Uma "faculdade" de Fernandópolis (SP) vai que ter que indenizar uma professora por determinação do TST em razão de ter tornada pública na imprensa local a razão da demissão: a mestra "não vestia a camisa da escola". * Em Bauru, outra metrópole cosmopolita dos currais de Geraldo Alckmim, uma ambulância em serviço foi barrada na passagem do pedágio porque os funcionários do veículo não tinham dinheiro para pagar a tarifa de R$ 4,40. Por último: * Aécio Neves não  quer se manifestar sobre as "gravíssimas" acusações que pesam sobre seu aliado e companheiro de conspiração Eduardo Cunha, mas não hesitou em chamá-las de "gravíssimas".  Esse Aécio, que não aprendeu nada com o brilho político do avô Tancredo Neves, está sempre sacaneando com alguém.

Que tal uma seção no blog só sobre a prática do cunhismo? Vai que isso vira um mania nacional... não vamos nos esquecer que Eduardo Cunha é o 2o. na linha de sucessão da Dilma, logo depois de Michel Temer. E bom pensar nisso.

______________________________