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Paris, 1968 |
A Energia dos protestos de maio de 1968 sempre pode renascer em algum momento e em algum lugar, mas é o seu desdobramento político, a construção de um programa o que importa; seu impulso reformista e revolucionário. Para Renato Janine Ribeiro, em artigo publicado na Folha, o paralelo entre o 68 francês e o 2013 brasileiro - segundo deduzo da sua comparação - termina aí: por aqui "a mídia rapidamente desviou o foco, que estava nas pautas de serviços municipais e estaduais (...) para o tema da corrupção, que ela atribuiu ao PT".
Parece que reside aí, como o professor deixa entender, a inflexão brasileira rumo ao quadro que assistimos hoje: o conservadorismo fascista como resultado de uma dinâmica política sem programa, capitaneada por aquilo que a sociedade brasileira produziu de pior em sua história: sua elite empresarial e midiática. O resultado é o que estamos vendo. Diz Janine Ribeiro:
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São Paulo, 2013 |
Não tivemos o novo então desejado, e as pautas democráticas anteriores, a política de 1985 e a social de 2003, estão sendo destruídas.
Pior: a descoberta da política virou aversão a ela. Em 2013, multidões investiram na política como meio de resolver seus problemas —até mesmo o do assassinato da criança boliviana e do respeito aos surdos e mudos.
Hoje, agravou-se o cada um por si, com a classe média ainda pagando uma segunda vez para ter saúde, educação, transporte e segurança um pouco melhor do que o serviço fornecido pelo Estado, enquanto a pobreza e a miséria renascem.
As marcas de 2013 parecem ter sumido. Esperança não há.
Ela voltará?
É o próprio autor quem pondera sobre a resposta: "(...) para todo descontentamento, há uma via política protesto. A política pode ser a saída, a chave de tudo..." (vale a pena ler o texto integral).
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