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Maia: discutir nossas normas de convivência atrapalha as reformas econômicas: antes de tudo a selvageria moderna; depois, o resto |
Primeiro as reformas econômicas; depois, nossa civilidade
Um Brasil adaptado às normas de uma sociabilidade digna, que nos deixe confortáveis com o que imaginamos ser, parece ter desaparecido do horizonte de Rodrigo Maia, o reeleito presidente da Câmara dos Deputados. Numa entrevista de rara felicidade conceitual dada à Folha de S. Paulo, o deputado do DEM-RJ, um serviçal do poder que está disponível para o que for necessário, servo de todos os amos, sintetiza a armadilha na qual o Brasil foi apanhado: a condenação ao atraso em troca do ajuste econômico exigido pelo capital.
Não será difícil entender, por isso, todo o sentido anti-civilizatório das reformas e posturas que vêm sendo anunciadas e propagadas pelo governo de Bolsonaro: de ponta a ponta, do meio ambiente à Previdência, das mudanças no Código Penal, ao apoio velado às milícias e à criminalização dos movimentos sociais e de gênero, a perseguição ideológica dos professores, tudo se encaixa no universo das práticas selvagens do colonialismo neoliberal - se quisermos ter acesso ao grande capital, teremos que conviver com a pobreza extrema, com o preconceito, com a incultura de um ensino esvaziado de substância; teremos que nos conformar com a paisagem de Brumadinho, mais do que com a paisagem da Av. Paulista. É nas práticas predatórias da mineradora Vale que encontramos a lógica do nosso destino, não na Embraer.
Esse desnível paradoxal de camadas históricas que nos acompanha desde a colonização ganha na entrevista que Maia deu à Folha uma razão decifrável como poucas vezes aconteceu: Bolsonaro é o norte coerente com as exigências de encaixe de dois brasis: o da utopia igualitária e tolerante à diversidade suprimido pela brutal concentração da renda que coloca 80% da população brasileira na condição da sub-humanidade. Talvez tenhamos encontrado nosso rumo.
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