Devo ter visto esse vídeo umas duas ou três vezes. Quis me certificar do arsenal de canalhice de que Bolsonaro lança mão para consolidar esse recorrente gesto de desprezo que ele e seu grupo manifestam em relação ao mundo em que vivem, uma espécie de casamata onde só conseguem respirar se mantiverem o tiroteio contra o Brasil de forma ininterrupta, sem descanso. É por isso que, no final das contas, o fascismo é um regime de ideias que alimenta uma infelicidade imensa entre seus militantes e ao redor dos espaços em que vivem.
O vídeo, no entanto, me chama a atenção por um detalhe que considero mais relevante que o próprio Bolsonaro vociferando. Refiro-me ao contentamento quase infantil manifestado pelo "chanceler" Ernesto Araújo a cada rompante do ex-capitão. Araújo aplaude, sorri, inquieta-se na cadeira e, certamente visto de perto, seus olhos devem ter ficado marejados de emoção ainda mais com essa trilha sonora que entoa "mito", "mito", "mito" ao fundo. Um regozijo de doentes que encontra ressonância no colapso civilizatório que representam e do qual se sentem porta-vozes.
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Leituras sugeridas: * QUanon: delírio como arma ideológica do capital (IHU) * Como as teorias da conspiração guiam a agenda de Bolsonaro (Valor, para assinantes) * O julgamento da História não basta (Estadão) * Pastores afastam indígenas da vacinação (DW) * Militantes bolsonaristas tentam mudar foco da greve dos caminhoneiros (Uol) * Vergonha, vulgaridade sem noção (General Santos Cruz em Carta Capital) * Professor pede inquérito ao STF sobre verba gasta com vinho pelas Forças Armadas (Uol) * Mandeta adverte sobre megapandemia (Estadão) * Quatro ministérios e bilhões para eleger Arthur Lira (El País).
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