Resgate
A decisão do ministro Fachin em anular os processos de Curitiba contra Lula, pensando bem, não foi surpresa. A Lava Jato deve ter sido, na história do Brasil, o maior exemplo de manipulação do Poder Judiciário em favor da conspiração que burlou a democracia nas eleições de 2018 e elegeu o fascista Bolsonaro para presidir o país. O inventário dos crimes cometidos por Sérgio Moro e pelos procuradores da TRF4 não deixam dúvidas sobre isso e tudo indica que há um ajuste de contas a caminho de 2022 para que a força da representação popular se imponha como projeto politico nacional.
Até lá, no entanto, muita coisa precisa ser ajustada. De imediato, Bolsonaro, sua família, seus apoiadores civis e militares, empresários, toda essa bandidagem deve ser alvo de um amplo inquérito que os confine à prisão, no mínimo. Desde o golpe de 2016 que afastou a presidente Dilma Rousseff do governo, o Brasil vem sendo submetido a um verdadeiro saque que tem nessa turma os principais protagonistas: abandono das política sociais, desestruturação das regras de proteção ao trabalho, alienação das riquezas nacionais, políticas ambientais predatórias, aviltamento dos nossos interesses externos e uma infindável lista de outros atentados precisam ser revistos simultaneamente com a urgência em estancar a calamidade sanitária.
O cenário desse ajuste, seu pano de fundo, penso que deve ser um Pacto que institua um Governo de Salvação Nacional integrado pelo estamento jurídico-parlamentar e comprometido com o restabelecimento pleno da Constituição de 1988 na direção da convocação de eleições gerais a médio prazo, à semelhança de Moncloa, na transição espanhola do 'franquismo' para a democracia no final dos anos 70.
Passar o Brasil a limpo: esse talvez seja o custo do resgate que a decisão de Fachin sinalizou.
Leituras sugeridas: * Após decisão de Fachin, militares têm chance de provar a quem devem obediência (Intercept) * Cara grande imprensa, você quer trocar 35 anos de democracia pelas promessas de um fã de Ustra? (Fabiana Moraes, Intercept) * Bolsonaro diz que povo não quer Lula e acusa Fachin de vínculo com o PT (Estadão).
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