Bolsonaro e empresários mantém a pobreza como projeto de governo
A derrota de Bolsonaro na Câmara dos Deputados na decisão sobre o voto impresso pode ter fragilizado momentaneamente os instrumentos de sustentação parlamentar do governo, mas não alterou a essência das iniciativas anti populares que são a marca do projeto de dominação da burguesia brasileira que vem sendo implementado desde a conspiração de 2016: a liquidação da soberania nacional e a revogação gradativa dos direitos sociais - tanto no âmbito trabalhista quanto no âmbito da concentração da renda. É a evidência da peculiaridade atrasada do modelo econômico nacional: a acumulação do capital às custas de um nível de exploração do trabalho que faria morrer de inveja os industrialistas do século XIX.
É isso o que se pode constatar pela análise de dois projetos de iniciativa de Bolsonaro que dominaram a cena midiática nem bem havia esfriado o fiasco em que se transformou a tentativa de fraudar o sistema eleitoral: a 'mini' reforma trabalhista e a substituição do Bolsa Família pelo Auxílio Brasil. Nos dois casos - com se pode perceber nas análises postadas abaixo - misturam-se os efeitos da propaganda política visivelmente eleitoreira presente nas promessas de geração de emprego e de redução da pobreza com a natureza de ambas as iniciativas: o aumento dos níveis de expropriação da riqueza gerada pelo trabalho e a desarticulação da ajuda às famílias de baixa renda. São dois processos simultâneos de recomposição da base social de apoio ao fascismo - aquele que adula o capital e aquele que sinaliza para a mitigação das tensões sociais. São duas narrativas que me parecem insuficientes para reduzir as tensões que se acumulam com a persistência da crise econômica e social.
Textos sugeridos: * A abrangência da minireforma trabalhista (Uol) * Minireforma precariza o trabalho (Folha) * Aras defende MP da minireforma (Gazeta de Alagoas) * Reforma pode levar jovens a desistir dos estudos (Carta Capital) * Bolsonaro corta verbas de prefeituras e cria voucher direto para creches privadas (Folha) * Auxílio Brasil é a aposta de Bolsonaro para 2022 (Outras Palavras) * O caldo de cultura da classe média que o bolsonarismo abraça (Pochmann, Outras Palavras).
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