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Há dias em que o touro é quem leva a melhor |
Certamente foi a partir dessa constatação que o jornalista Simon Jenkins advertiu no Guardian para que o Ocidente se mantivesse distante dos acontecimentos do Egito logo nos dias que antecederam a queda de Mubarak (leia aqui). Para Jenkins, qualquer forma de ingerência nos acontecimentos internos do país não seria mais que reproduzir uma tentativa de manter sob controle sociedades que buscam sua autodeterminação. Pois eu penso que é justamente essa palavra - autodeterminação - que parece ganhar força redobrada neste 2011, uma bandeira insistentemente empunhada no pós II Guerra e que representava uma conquista que foi inviabilizada pelas potências vencedoras do conflito em 1945 em nome da geopolítica adotada para toda a região sob o manto protetor dos blocos de poder ou da modernização capitalista.
Esses dois processos que atuaram de maneira convergente em todo o Oriente Médio e no Norte da África permitiram a emergência de grupos dirigentes militares ou autocratas que retiravam sua força do apoio que recebiam das superpotências, da sustentação financeira que lhes dava o petróleo, da importância estratégica de seus países no quadro geral da Guerra Fria e de sua posição a favor ou contra o Estado de Israel. O resultado era a constituição de regimes políticos que sacrificavam as promessas da independência e do bem-estar social em favor de um unitarismo interno (Egito, Líbia, Iraque) que tinha na religião (Irã) ou na forma monárquica (Arábia Saudita, Bahrein) a sua principal lógica de Estado e de governo.
Tudo indica que o que está acontecendo agora é a culminância de um movimento que pretende concluir aquilo que foi sistematicamente adiado - ou contornado - nesse longo período. Por isso, é um desaviso das principais lideranças ocidentais imaginar que seja possível controlar a explosão dos movimentos populares que têm marcado os acontecimentos recentes. Meu ponto de vista é o de que esse tabuleiro dinâmico que ocupa as manchetes dos jornais tem como pano de fundo não apenas um realinhamento político interno para cada uma das nações atingidas, mas uma explosão de conteúdo social e democrático que precisa ser compreendido em toda a sua profundidade.
Em tempo: recomendo a leitura do artigo sobre o tema, de autoria de Antônio Negri e Michael Hardt, também publicado no Guardian
Tudo indica que o que está acontecendo agora é a culminância de um movimento que pretende concluir aquilo que foi sistematicamente adiado - ou contornado - nesse longo período. Por isso, é um desaviso das principais lideranças ocidentais imaginar que seja possível controlar a explosão dos movimentos populares que têm marcado os acontecimentos recentes. Meu ponto de vista é o de que esse tabuleiro dinâmico que ocupa as manchetes dos jornais tem como pano de fundo não apenas um realinhamento político interno para cada uma das nações atingidas, mas uma explosão de conteúdo social e democrático que precisa ser compreendido em toda a sua profundidade.
Em tempo: recomendo a leitura do artigo sobre o tema, de autoria de Antônio Negri e Michael Hardt, também publicado no Guardian
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Um comentário:
Bela análise, Faro. Sinto falta de certo respeito, por parte dos ocidentais, à autoctonia desses países e, principalmente, desses povos em processo de redescoberta e reconquista de seus direitos reais e de sua identidade real.
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