![]() |
No caso brasileiro, até os intermediários foram dispensados |
Esse me parece ser o senso comum porque não há, nem na "grande" mídia nem no setor oficial (não dá pra saber quem é que influencia quem), uma única voz discordante dessa lógica. Medalhões do pensamento econômico heterodoxo, que fizeram escola com argumentos imbatíveis sobre a presença do Estado na regulação social da atividade econômica - com o uso dos recursos públicos para a promoção do bem-estar - percebo hoje como os legitimadores teóricos e conceituais dessa farra que se faz com o dinheiro público em benefício dos interesses particulares (sobre isso, leia mais aqui).
Explico o paradoxo com dois ou três exemplos retirados do noticiário dos principais jornais (Estado, Valor e Folha). O destaque foi para as novas regras de concessão para a exploração das rodovias que agora asseguram aos concessionários uma elevação de 30% na taxa de retorno de seus investimentos (que era de 5,5% e passa a 7,2%). Como sempre, o ministro Mantega, na sua condição de um quase porta-voz dos interesses dos empresários, apressou-se em justificar: "todos os [empresários] declararam que com essa taxa de rendimento o investimento se torna bastante atrativo e que vão partipar dos leilões" (leia a matéria da Folha aqui). Bastante atrativo? E já não o era para o capital que goza da mais absoluta reserva de mercado em que se constitui a privatização de qualquer rodovia? O resultado é o de sempre, todas as vezes que o Estado protege o capital: a apropriação privada da riqueza gerada no setor e a socialização dos custos que isso acarreta. Ou alguém imagina que para permitir esse gigantesco reajuste de 30% na taxa de retorno das empresas as tarifas de toda a malha rodoviária privatizada do país vão ficar como estão? No caso das ferrovias, então, o nível de subserviência do Estado aos empresários beira o escândalo que significa a antecipação de pagamentos de receitas em qualquer condição (aqui).
______________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário