A república dos bancos
No discurso - e somente nele - a campanha eleitoral se faz referida à pauta da sociedade. Na prática (como aconteceu com a tal Carta aos Brasileiros de 2002), a acomodação é com o grande capital. A política, assim, descola-se da economia e as eleições acabam não sendo mais do que um simulacro de democracia. Como se pode concluir da entrevista de Gil Castelo Branco lincada abaixo: quem não vota, elege.
Essa talvez seja uma das razões que estruturam o cenário contemporâneo. Boaventura de Sousa Santos analisou esse processo em profundidade quando advertiu para o fato de que "o princípio do mercado adquiriu pujança sem precedentes, e tanto que extravasou do econômico e procurou colonizar tanto o princípio do Estado, quanto o princípio da comunidade - um processo levado ao extremo pelo credo neoliberal" (Pela mão de Alice). Em Saramago, a lucidez é o momento em que a sociedade se recusa a participar desse jogo de imagens turvas e sombrias.
Penso que no Brasil esse complexo surge agravado pelas variáveis da nossa formação histórica e cultural e pelas peculiaridades que os acontecimentos trouxeram à campanha presidencial - uma mistura de fragilidade doutrinária, colapso das ideologias, oportunismo político e mistificação religiosa. Vale a pena ver de perto o que dizem alguns protagonistas dessa história...
* Sugiro a leitura das seguintes matérias: As empresas não votam, mas são elas que elegem (IHU), Campanha do PSB procura quebrar resistência do mercado (Estadão), Dilma ataca o "new look" neoliberal de Marina (Folha, via Tijolaço), Ao Valor, Giannetti fala sobre programa econômico de Marina (GGN), O deserto eleitoral (IHU), O eleitor oculto de Marina (GGN).
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