matéria publicada no UOL sobre as dimensões econômicas da tragédia provocada pela "empresa" Samarco em Mariana: diz a notícia que o prejuízo da área afetada é apenas 25% do total de royalties que a cidade recebeu da empresa pela exploração do minério. Quer dizer, para cada R$ 100 milhões em reparos, Mariana já recebeu perto de R$ 25 milhões.
Vamos ver se eu entendi as duas interpretações que a notícia permite. A primeira: os brasileiros não têm do que reclamar já que a Samarco será punida com uma indenização 4 vezes maior que aquilo que já pagou por suas atividades. Portanto, o cálculo inspira uma certa compaixão com a subsidiária da Vale do Rio Doce: ela é vista na planilha do custo/benefício como a principal vítima do que aconteceu. Uma piada...
A outra interpretação é mais grave e não é piada alguma: a cidade de Mariana paga a prazo - e em escala - pela violência que a Samarco comete contra ela, como se a concessão pela exploração do minério fosse uma apólice de seguro preventiva. Mais que isso, a cidade, em retribuição aos royalties que recebe, autoriza a própria expropriação de sua riqueza... Sob esse ponto de vista, o crime cometido pela Samarco é apenas parte de um jogo jurídico de mercado e não há porque ninguém lamentar nada.
Essa é a lógica de toda a exploração de recursos da sociedade pelos interesses empresariais privados, e ela sempre se repete nas situações em que áreas estratégicas são permissionárias do Estado para atuarem. O lucro obtido pelas empresas que atuam dessa forma pode muito bem ser caracterizado como um tipo de royaltie que a sociedade paga para se ver expoliada: é assim com a Saúde, é assim com os Transportes, é assim com a Educação, é assim com os Bancos. Wind Fence, pois sim...
* Vale a pena ler estas matérias do Estadão e do Uol: * Mineradoras doaram R$ 6,6 milhões para deputados que discutem o novo Código de Mineração * Desastre em Mariana custará R$ 14 bi * Imagens de drones indicam fissuras em terceira barragem * Samarco admite que barragens ainda podem romper em Mariana.
* E esta do blog Outras Palaveas: * De Paris ao Rio Doce, do horror político ao horror econômico (Alceu Castilho).
* E esta do blog Outras Palaveas: * De Paris ao Rio Doce, do horror político ao horror econômico (Alceu Castilho).
______________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário