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Enriqueça a galeria: desenhe sobre o esboço o mau-caráter símbolo do golpe |
Penso que a associação entre esses dois personagens é descabida: Macunaíma é o colonial que passa a vida escapando das determinações do atraso; por isso, é um sobrevivente; e o sem caráter, definição com a qual seu criador o descreve, está longe da maldade, embora perto da malandragem - um traço daquilo que talvez Sérgio Buarque de Holanda usasse para definir o jeito cordial da nossa vida social. A única coisa que Macunaíma quer ele deixa claro na sua história: não vim ao mundo para ser pedra.
Genial. É como se ele afirmasse, altivo: vocês não vão fazer comigo o que bem entendem. A vida brasileira está repleta de personagens desse tipo que adotam uma certa docilidade nos expedientes que descobrem para chegar alimentadas ao final de cada dia. Deve ser esse o traço que dá à obra de Mário de Andrade o seu significado universal. Não há nada mais malandro que cachorro de mendigo e... nada mais solidário.
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A ausência de caráter não como padrão de resistência ao atraso colonial mas o mau-caratismo como ética É a herança que o Brasil recebe dessa turma aí de cima. |
Temo que esse tenha se tornado o perfil icônico do brasileiro nestes dias em que vêm à tona as revelações plenas e indisfarçáveis do golpe de 2016, ou alguém imagina que as simulações de Neymar não sejam as simulações de todos eles?
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