O desprezo social das elites empresariais que se beneficiaram do golpe consolidou a pobreza extrema na paisagem brasileira: um tragédia que estávamos conseguindo superar |
Tem razão o ex-prefeito Fernando Haddad quando aponta o atraso do empresariado brasileiro como um dos fatores do impasse político e econômico em que o Brasil vive desde o golpe que destituiu a presidente eleita Dilma Rousseff em 2016. Ao optar por uma política econômica de forte aperto fiscal e de desmontagem dos direitos sociais e do trabalho, o resultado é o que estamos vendo: um brutal aprofundamento da concentração da renda e a pauperização da vida de milhões de brasileiros. Afora o impacto ético que essa política provoca - pois que é gestada deliberadamente com o objetivo da discriminação e da segregação social -, há a evidência de que essa austeridade excludente desenvolvida em benefício do capital trouxe consigo a estagnação econômica da qual não vamos conseguir nos livrar, exceto na hipótese de que o pais resgate as políticas desenvolvimentistas e de bem-estar social que vinham sendo aplicadas e que foram interrompidas pelo suicida ideário neoliberal.
Em síntese: trata-se de um modelo que anula os fatores potenciais de geração de riqueza, entre eles o trabalho. É como se o país optasse calculadamente pelo "desperdício do potencial (...) humano", como aponta o professor José Eustáquio Diniz Alves em entrevista publicada em EcoDebate e transcrita aqui via portal do IHU. Para Alves, o desemprego e o subemprego que essa política gera de forma reiterada e sistemática tem como principal efeito a depressão do mercado interno, elemento propulsor fundamental do crescimento econômico. Não é preciso dizer que a retração dos investimentos é a consequência imediata disso. Vale a pena ler aqui a íntegra do texto reproduzido pelo IHU.
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