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A toupeirização consagra a surpresa do Neanderthal com a possibilidade de andar sobre duas patas, mas não mais que isso. De qualquer forma, nem com óculos a toupeira deixa de ser toupeira... |
Os mitos do empreendedorismo e da formação para o mercado me parecem ser os carros-chefe dessa filosofia e junto a eles erguem-se as práticas didático-pedagógicas avalizadas pelo próprio MEC: educação à distância, precarização e intermitência do trabalho docente, modulação dos cursos, ênfase posta em torno de aprendizados de 2a ou 3a extração (*), desestímulo à pesquisa, tudo isso geralmente em dissociação com a compreensão dos processos cognitivos da realidade - em qualquer campo de atuação. O resultado é o que o artigo de Otávio Pinheiro aponta: um baixo nível de letramento, uma extraordinária debilidade na capacidade de expressão oral e escrita, isto é, uma toupeirização do educando que faz a delícia de quem imagina que o esvaziamento filosófico e intelectual da Educação vai nos levar a algum lugar.
(*) o que eu chamo de aprendizado de 2a ou 3a extração é aquele tipo de conhecimento que enfatiza os processos cognitivos restritos à aplicabilidade de fórmulas de qualquer tipo: uma prática mecânica que prescinde de uma relação ontológica com o saber: acender fósforos, amarrar sapatos, subir escadas, acender e apagar luzes. Guardadas as proporções, são essas as dificuldades de aprendizagem "estimulantes" que os projetos empreendedores e voltados para o "mercado" trabalham em seus centros de formação. Uma lástima...
* Além do próprio artigo de Otávio Pinheiro, sugiro ainda a leitura de um texto meu publicado na revista Giz, do Sindicato dos Professores de São Paulo: * Empreendedorismo e formação acadêmica
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