Fernando Abrucio (Valor)
Bolsonaro traçou dois planos para seu futuro político, ambos vinculados à permanência no poder. O primeiro é a aposta na reeleição, com toda uma estratégia para manter sua base mais fiel - próxima de 15% do eleitorado - e ampliar no mínimo mais dez pontos percentuais para garantir uma vaga no segundo turno. Mas o medo em relação à eleição - sobretudo depois da anulação do julgamento do ex-presidente Lula - e a visão autoritária que tem da política levaram o presidente a construir um plano B: é preciso criar um clima populista-golpista no país, seja para mobilizar permanentemente o bolsonarismo-raiz, seja para acuar os adversários, ou então, ainda, como última saída, para inviabilizar a vitória de outro candidato, mantendo-se no Palácio do Planalto a qualquer custo. Pode parecer uma contradição apostar numa via democrática e, ao mesmo tempo, deixar a porta aberta para um possível golpe. Na verdade, o bolsonarismo se sustenta nesta ambiguidade, porque a pressão constante contra o sistema político tem permitido reduzir paulatinamente vários dos controles sobre o presidente e garantido, ademais, uma base fiel capaz de tudo em nome da liderança máxima, chamada de “mito” (continue a leitura).
O golpe além da Bolha
Maria Cristina Fernandes (Valor)
“Não sendo milícia, as Forças Armadas não são arma para empreendimentos anti-democráticos. Destinam-se a garantir os poderes constitucionais e a sua coexistência”. Este é um trecho de carta do general Humberto Castello Branco, então chefe do Estado-Maior do Exército, para generais e “organizações subordinadas” (leia aqui na íntegra). A carta é datada de 20 de março de 1964, uma semana depois do comício da Central do Brasil, no Rio, em que o então presidente João Goulart anunciara sua disposição de levar à frente as reformas de base. Dez dias depois, os generais viram no discurso de Jango para suboficiais e sargentos, na Cinelândia, a semente da milícia de que falava Castello. No dia seguinte, o derrubaram (continue a leitura).
Outras leituras: * Bolsonaro tem comportamento de ditador e ameaça rebelião miliciana (Uol) * Acuado, Bolsonaro inaugura nova fase de conspiração golpista (Folha) * A escalada da retórica militar bolsonarista (Maria Cristina Fernandes, Valor)* As Forças Armadas e a democracia (José Genoíno, Carta Maior) * Militares planejam se manter no poder com ou sem Bolsonaro (Terra) * Bolsonaro: "Tenho as Forças Armadas ao meu lado e elas poderão ir às ruas" (Carta Capital) * Para Chico Buarque, o golpe se aproxima: "Algum pretexto vai ser usado para fecharem outra vez" (Rede Brasil Atual) * Face, Google, Twitter estão colaborando para um golpe no Brasil (Link, Estadão) * Bolsonaro em campanha (clipping Google) * Além da imaginação: a sistematização da mentira na CPI (Outras Palavras) * Vladimir Safatle: "Não houve eleição em 2018" (Carta Maior) * Os golpistas têm uma dúvida (Janio de Freitas, Folha) * Bia Kicis e a Aeronáutica (Estadão) * Bolsonaro diz que não entregará a faixa presidencial no caso de fraude nas eleições (Uol)
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