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Composição com o Centrão revela fraqueza e pode selar queda de Bolsonaro |
Abraço de afogados
"Preciso salvar este governo", teria dito Bolsonaro para justificar a indicação do camaleão político e inoperante Ciro Nogueira para a Casa Civil - peça chave nas articulações com o que há de mais retrógrado e venal no Congresso.
Nogueira - que integrava até ontem a tropa de choque bolsonarista na CPI da Pandemia - é um serviçal do poder e está sempre disponível: passa do vermelho ao branco, da moderação ao radicalismo fascista com uma naturalidade que envergonha quem lhe dá atenção e até mesmo seus beneficiários. Por isso, Bolsonaro viu nele - nessa inexpressividade perigosa - o recurso de que precisa para o canto da derrota que se aproxima: tudo para evitar que o impeachment conquiste as ruas e leve consigo até mesmo a covardia do presidente da Camara, Artur Lira, que continua sentado sobre as centenas de pedidos de afastamento do presidente.
É o resumo da ópera. Ao pedir socorro para a turma da 'velha política' - um dos temas que o legitimou junto aos fascistas que seduziu com a promessa de renovação das práticas políticas - Bolsonaro não dá uma demonstração de força, mas de fraqueza. Se não cair agora com o retorno das denúncias sobre os crimes que comete em favor da crise sanitária, não demora muito mais. Vai levar junto o novo e envergonhado arranjo.
Leituras sugeridas: * Bolsonaro não está dando os aneis, mas os dedos para salvar o governo (IHU) * Bolsonaro confessa que sem os corruptos do Congresso não poderia governar (El País, para assinantes) * Centrão civil versus centrão fardado (Luis Felipe Miguel, A Terra é redonda) * Com Ciro Nogueira, centrão já comanda o coração do governo (RBA) * Aposta de Bolsonaro para Casa Civil tem 5 processos e patrimônio de R$ 26 milhões (Estadão).
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