História ℰ
Cultura
História ℰ
Cultura
Tarcísio, Caiado e Ratinho Junior disputam a vergonha de ser poste de Jair Bolsonaro na eleição presidencial do ano que vem, isto a que a mídia corporativa chama candidato de “terceira via”.
Por Joseph E. Stiglitz
Ex-economista-chefe do Banco Mundial e ex-presidente do Conselho
de Assessores Econômicos da presidência dos EUA, é professor na Universidade Columbia e Prêmio Nobel de economia)
Por décadas, os Estados Unidos foram o campeão da democracia, do Estado de Direito e dos
diretos humanos. Sem dúvida, entre a retórica e a realidade, houve discrepâncias gritantes:
durante a Guerra Fria, em nome do combate ao comunismo, os EUA derrubaram governos
eleitos democraticamente na Grécia, Irã, Chile e em outros países. Em casa, os EUA estiveram
em uma batalha para garantir os direitos civis dos negros, um século após o fim da escravidão.
Mais recentemente, a Suprema Corte dos EUA tem atuado de forma contundente para restringir os esforços voltados a reparar os legados negativos do longo histórico de discriminação racial.
Ainda assim, embora os EUA muitas vezes não praticassem o que pregavam, agora não fazem nem uma coisa nem outra. O presidente Donald Trump e o Partido Republicano trataram de garantir isso.
Em seu primeiro mandato, o desprezo de Trump pelo Estado de Direito culminou em sua tentativa de subverter o princípio mais fundamental da democracia: a transição pacífica de poder. Ele sustentou - e ainda insiste em sustentar - que venceu a eleição de 2020, apesar de Joe Biden ter recebido cerca de 7 milhões de votos a mais e de dezenas de tribunais terem determinado que não houve irregularidades significativas no processo eleitoral. Para qualquer um que conheça Trump, isso não deve ter sido surpresa; a grande surpresa foi cerca de 70% dos republicanos terem acreditado que a eleição foi manipulada. Muitos americanos - incluindo a maioria de um dos dois principais partidos - entraram na toca do coelho da desinformação e das teorias da conspiração absurdas. Para muitos apoiadores de Trump, a democracia e o Estado de Direito são menos importantes do que preservar o “modo de vida americano”, o que na prática significa assegurar a dominação pelos homens brancos, à custa de todos os demais.
Para o bem e para o mal, os EUA há muito tempo servem de modelo a ser seguido pelos demais. E, infelizmente, há demagogos em várias partes do mundo mais do que dispostos a adaptar a fórmula de Trump de pisotear as instituições democráticas e repudiar os valores que as sustentam.
Um exemplo notório é o do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro, que chegou a tentar imitar o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Congresso dos EUA, com o objetivo de impedir a posse de Biden. A tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, foi maior do que a invasão do Congresso, mas as instituições brasileiras se mantiveram firmes - e agora exigem que Bolsonaro seja responsabilizado.
Por sua vez, os EUA têm seguido a direção oposta desde o retorno de Trump à Casa Branca em janeiro. Mais uma vez, Trump deixou claro que adora tarifas alfandegárias e abomina o Estado de Direito - chegando até a violar o acordo comercial assinado com México e Canadá em seu primeiro mandato. Agora, ignorando a Constituição dos EUA, que atribui exclusivamente ao Congresso o poder de impor tributos (e tarifas não são nada mais do que uma forma particular de imposto sobre bens e serviços importados), ele ameaçou impor uma tarifa de 50% ao Brasil, a menos que o país interrompa o processo judicial contra Bolsonaro. Eis aqui, portanto, Trump infringindo o Estado de Direito ao exigir que o Brasil, que tem cumprido todos os limites do devido processo legal no julgamento de Bolsonaro, também o infrinja. O Congresso dos EUA jamais aprovou tarifas como instrumento para forçar países a obedecer a ordens políticas de um presidente, e Trump não conseguiu citar nenhuma lei que lhe desse sequer uma mínima fachada para suas ações inconstitucionais.
O que o Brasil faz contrasta de forma gritante com o que ocorreu nos EUA. Nos EUA, o processo legal avançava de forma lenta, mas criteriosa, para responsabilizar os envolvidos na insurreição de 6 de janeiro, mas Trump, imediatamente após sua segunda posse, usou o poder de indulto presidencial para perdoar todos os que haviam sido devidamente condenados – até os mais violentos. A cumplicidade em um ataque que deixou cinco mortos e mais de cem policiais feridos deixou de ser crime.
Assim como a China, o Brasil se recusa a ceder à intimidação americana. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a ameaça de Trump como uma “chantagem inaceitável” e acrescentou que “não é um gringo que vai dar ordens a este presidente”. Lula está defendendo a soberania de seu país, não apenas no domínio do comércio exterior, mas também ao regular as plataformas tecnológicas controladas pelos EUA. Os oligarcas datecnologia americana usam seu dinheiro e influência mundial para tentar forçar países a dar-lhes rédea livre em busca de lucros, o que inevitavelmente causa enormes danos, inclusive ao servir como canal de desinformação, seja intencional ou não intencional.
Assim como ocorreu nas recentes eleições no Canadá e na Austrália, Lula ganhou um “impulso graças a Trump” no apoio nacional, uma vez que os brasileiros reagiram contra o governo americano e se arregimentaram em torno a ele. No entanto, essa não foi a motivação de Lula
para adotar tal postura. A motivação foi a crença genuína no direito do Brasil de definir suaspróprias políticas, sem interferência externa.
Sob a liderança de Lula, o Brasil optou por reafirmar seu compromisso com o Estado de Direito e a democracia, mesmo enquanto os EUA parecem estar renunciando à própria Constituição. Devemos ter a esperança de que outros líderes, de países grandes e pequenos, demonstrm em bravura semelhante diante da intimidação do país mais poderoso do mundo. Trump minou a democracia e o Estado de Direito nos EUA - talvez de forma irreversível. Não se pode permitir que faça o mesmo em outros lugares.
(Tradução de Sabino Ahumada)
Copyright: Project Syndicate, 2025.
www.project-syndicate.org
29/07/2025
Ao colocar a lealdade familiar acima de suas obrigações como deputado federal, Eduardo trai o mandato que deveria ser cassado.
# Helio Schwartsman, Folha
# Em documento político, PT endurece críticas a Trump e aos Bolsonaro. Fabio Zanini, Folha
# O plano de contingência que Haddad apresentou a Lula (Carta Capital)
# Poderão os países tributar os super-ricos? (Outras Palavras)
Pressões sociais desafiam um grande tabu do neoliberalismo. Os impostos sobre a riqueza voltam a ser considerados, depois de demonizados por décadas. Em Paris, uma escola até há pouco ignorada assumiu a liderança acadêmica deste combate
O resultado reflete a média trienal dos anos de 2022, 2023 e 2024, que colocou o país abaixo do patamar de 2,5% da população em risco de desnutrição ou de falta de acesso à alimentação suficiente.
Estar no Mapa da Fome significa que uma parcela significativa da população do país vive fome crônica (continue a leitura no DW)o
O apoio militar e diplomático de Washington, motivado por razões geopolíticas e de política interna, é a principal causa de um bloqueio para o qual contribuem a disfunção da ONU, a divisão europeia e a repressão aos protestos dos cidadãos.
A reportagem é de Andrea Rizzi, publicada por El País
Por onde Tarcísio anda...
# Trump é uma vacina contra o viralatismo brasileiro. Leonardo Stoppa (247)
# O que fazer da guerra de Trump e dos Bolsonaro contra o Brasil. Vinicius T. Freire (Folha)
# Eduardo Bolsonaro diz que não volta e quer Moraes preso. Thaís Bilenky (Uol)
# Milícia bolsonarista lutará pelos EUA. Celso Rocha de Barros (Folha)
Frei Betto
A guerra é como Jano, tem várias faces. Além de bélica, ocorre também por vias diplomática, econômica, política e cultural. A cultural consiste em impor a versão do dominador sobre os dominados. É o que sempre fizeram as indústrias de entretenimento da Disney e de Hollywood
Agora Trump declara guerra econômica ao Brasil ao prometer que, a partir de 1º de agosto, imporá tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos EUA, caso o processo contra Bolsonaro, que ele considera uma “witch hunt” - perseguição política -, não seja imediatamente arquivado (continue a leitura).
# Brasil anuncia entrada em ação global contra Israel por genocídio (Folha) # Palestinos tentam resistir à fome e à sede (IHU) # População saqueia caminhões de comida (Uol) # Gaza tem pressa (Substack)
Parte III: A Guerra e a fé (José Henrique Bortolucci).
# acompanhe a série da piauí
# Terras raras: a nova fronteira da guerra contra o imperialismo (clipping do site)
Um dos mais importantes jornalistas brasileiros hoje, Jamil Chade, informa que agentes da Abin suspeitam da verdadeira origem, da real natureza da conjuração antipatriótica de Eduardo Bolsonaro nos EUA: em vez de nascida do bolsonarismo, ela pode ser fruto de uma decisão tomada pelo governo Donald Trump de desestabilizar o Brasil, com a CIA, com tudo, pela “liberdade”, contra a “tirania”
# Clipping: Trump versus Brasil
# Gustavo Zeitel (Folha) # Rodrigo Chagas (Opera Mundi) # A íntegra da carta divulgada no evento (247)
# Quem é Mário Fernandes (Carta Capital)
General confessa ter planejado assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes
# Estratégia suicida (Uol) # PGR é contra a soltura de Fernandes (Carta Capital)
Gaza: extinção total dos palestinos é o objetivo de Israel
# Em Gaza, Israel constrói seu Auschwitz (Outras Palavras) # Genocídio sem precedentes (BBC) # Brasil deixa aliança em memória do holocausto (Folha) # Israel ajuda Trump a ferir a soberania brasileira (Substack) # Israel extermina, Trump e Otan abençoam (A Terra é redonda)
Como a ditadura tentou cooptar a MPB
Censura à criação musical foi dramática. Mas, em paralelo, regime quis modernizar indústria fonográfica com farto incentivo fiscal. Isso permitiu às gravadoras sofisticar sua produção, inclusive com músicos críticos. Mas houve um preço.
Não é nós contra eles. É concentração extrema de renda
Dados para ajudar a cobertura do Jornal Nacional sobre o Brasil e o Congresso Brasileiro
# Sobre liberdade de expressão, Fux teve posições divergentes para Lula e Bolsonaro. Fábio Zanini (Folha)
# Fux descola de Moraes e cria expectativa favorável a Bolsonaro no STF. Ana Pompeu e Cezar Feitoza (Folha)
# Olha quem tirou a máscara de vez. Hugo Souza (Come Ananás)
# Há motivos para decretar a prisão preventiva de Bolsonaro. Reinaldo Azevedo (Uol)
# Possibilidade de asilo político para Bolsonaro ainda existe, mas é cada vez menor
(João Paulo Charleaux, Carta Capital)
# Bolsonaro já não dirige a direita
(Josias de Souza, Uol)
Investimento milionário de Tarcísio e Feder em plataformas não melhorou o aprendizado, aponta estudo. Pesquisadores questionam eficácia pedagógica e alertam para vigilância sobre professores e diretores; governo estadual anunciou investimento de quase 500 milhões...
# Ana Luísa Basílio (Carta Capital)
Nobel da Economia explica: sistema brasileiro é rápido, seguro e gratuito – por isso, tornou-se popular. Seus “problemas”: ele quebra o mito do Estado “ineficiente”, ameaça lucros financeiros parasitários e pode tornar obsoletos os bancos privados
O comentariado é a nova assembleia pública — um parlamento digital onde se debate com memes, se vota com emojis e se julga em caixas de texto. Se antes a opinião era privilégio de poucos, hoje é tsunami de muitos. Ivana Bentes, A Terra é redonda (acesse)
Estamos diante de uma nova força de comunicação e sociabilidade: o comentariado – uma multidão volátil que se aglutina em torno de conteúdos digitais, postagens opinativas e eventos informacionais, criando consensos, descensos e controvérsias.
O comentariado não é afinal a real força das redes e plataformas digitais? O que lhe empresta valor, o que engaja e monetiza, capaz de formar “zonas autônomas temporárias” que são capturadas pelas plataformas, mas também fogem do controle?
Quanto mais comentários e reação, mais uma notícia se difunde e “engaja” dando visibilidade aquela pauta e a colocando em um topo ou ranking. Comentar de forma admirada, pejorativa, argumentativa, afetiva, de forma positiva ou negativa, produz valor, real e simbólico.
O enxame digital
No caso brasileiro, o comportamento de enxame digital ganha contornos particularmente originais, misturando indignação performática, senso de justiça instantâneo, uma autoestima geopolítica de emergência com poder catártico e predador, um “soft power” tropical,[i] que se manifesta nos comentários.
Temos testemunhado, com frequência crescente, o surgimento desse enxame conduzido por perfis anônimos de brasileiros com arrobas, bandeirinhas e opiniões prontas – e que fazem das redes sociais um verdadeiro Maracanã afetivo, com logica de torcida, rivalidades e mil tons de uma sociabilidade que sempre cultivamos fora das redes. O brasileiro e a cultura brasileira são marcados pelo interesse pela vida alheia e pelo outro: “Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago” (Oswald de Andrade, 1928),
O comentariado é um personagem coletivo que emerge e cresce nas crises, nos linchamentos morais, nas polarizações políticas, nas tragédias humanitárias ou turísticas, nas polêmicas culturais – estamos prontos para opinar em nome da nação com base em memes, indignações e emojis.
Tarifaço, vampetaço, memes, inteligência artificial e Brics
Tomemos como exemplo recente a reação do nosso enxame digital à ameaça de tarifa de 50% feita pelo presidente Donald Trump sobre os produtos brasileiros exportados para os EUA. A reação emocional e política esteve à altura da chantagem política. Uma ameaça econômica radical caso o Brasil não “anistie” o ex-presidente Jair Bolsonaro que responde a processo por tentativa de golpe de estado.
A medida chantagista e eminentemente política, articulada pela família de Bolsonaro, gerou uma reação fulminante: milhares de brasileiros tomaram as redes sociais e invadiram os comentários dos perfis de Donald Trump com frases que mesclavam nacionalismo pop e uma indignação performada, ora bem-humorada, ora agressiva.
O tarifaço de Trump virou um “vampetaço”, ou seja o compartilhando de memes, imagens criadas por Inteligência artificial e bandeiras do BRICS unidos nos comentários do perfil de Donald Trump, levando ao bloqueio das respostas.
Esse “vampetaço” é caracterizado por expressões brasileiras cômicas e irreverentes – uma verdadeira tropa de choque emocional, invadindo posts com sátiras, memes visuais do ex-jogador Vampeta nu e referências nacionais. O termo “vampetaço” já circulava como conceito de trolling coletivo, mas o caso tarifário foi seu uso mais recente e viral. O termo não só dialoga com a cultura de zoeira digital, mas assume função simbólica de resistência performática e tipicamente brasileira.
As postagens nas redes vão do nacionalismo a zoeira, da campanha #respeitaoBrasil; “deixe o Brasil em paz!”; #brasilsoberano até: “o Trump descobrindo que Deus é brasileiro”; “o Trump ameaçando o Alexandre de Moraes como se um homem careca fosse ter medo”; “Se botar imposto no nosso aço, a gente cancela vocês igual fizemos com o Porta dos Fundos”, ou “Isso é inveja do nosso pré-sal e da coxinha do Brasil” circularam em threads com centenas de curtidas.
O episódio reafirma o curioso fenômeno de engajamento modulável: enquanto o governo ensaiava um discurso e resposta ao mesmo tempo técnico, no campo da economia e político, no campo da soberania, e a oposição preferia culpar o presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva, o verdadeiro barulho veio de baixo, das caixas de comentário, onde o algoritmo premia volume e engajamento.
A extrema direita brasileira, e a política engessada na lógica da polarização, perdeu o timing do engajamento: preferiu atacar Lula em vez de se opor à taxação em si. Mais do que isso, o clã Bolsonaro foi o articulador do tarifaço, em explícito movimento de lesa-pátria que virou comunicação memética.
Já o governo recorreu a defesa da soberania, com uma comunicação popular que surtiu efeito nas redes e na disputa narrativa. Mas quem realmente articulou uma resposta popular foi o comentariado. O teclado virou barricada digital. Esse engajamento em tempo real surpreendeu até a extrema-direita, que tem ocupado os algoritmos com impulsionamentos, bots e “cidadãos robôs”.
Nacionalismo líquido
Mas o movimento contra o tarifaço é uma expressão de ativistas organizados? Uma sinergia entre a comoção popular e a comunicação do governo Lula e o ativismo progressista deu “match”. Mas é importante observar e analisar essa fluidez que faz com que os mesmos indivíduos que torcem o nariz para políticas públicas progressistas advogarem causas coletivas quando o “interesse da nação” está em jogo.
Assim, a extrema direita, acostumada a impor narrativas por meio de bots e influenciadores, foi surpreendida porum nacionalismo líquido: apoiadores e não apoiadores do governo, um grande contingente de brasileiros se uniu para defender o país contra as tarifas de Donald Trump.
Figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, depois de colocar na cabeça o boné pró EUA, mudaram o tom e passaram a adotar uma retórica mais patriótica, pressionados pelo enxame de comentários que não estavam dispostos a aceitar insultos à pátria, prejuízos econômicos para o país— mesmo quando vindos de aliados ideológicos.
Eis a ironia: o nacionalismo de rede independe de governo? O que se defende é o Brasil-meme, o Brasil-conceito, o Brasil dos comentários “com orgulho de ser BR”.
Mas se essa reação emocional nos feeds e posts é simpática à primeira vista, seus efeitos colaterais são evidentes: a mesma mobilização digital que protesta contra taxações pode, com a mesma intensidade, se transformar em tribunal inquisitorial. A atriz trans, Karla Sofía Gascón, indicada ao lado de Fernanda Torres para o Oscar sofreu uma campanha de ataques transfóbicos violentos nas redes. Um linchamento moral travestido de crítica cultural, em que os comentaristas se sentiam autorizados a decidir quem pode ou não ser premiada na disputa do Oscar 2025.
Diante de uma crítica negativa ao filme Ainda estou aqui no jornal Le Monde, os comentários dos brasileiros foram furiosos, mas também debochados e engraçados: “Pão de queijo é melhor que croissant” e outros impropérios mais pesados. A campanha pelo filme no Oscar 2025 teve clima e engajamento de Copa do Mundo, algo inédito em se tratando de um produto cultural brasileiro, e um filme evocando os efeitos subjetivos, afetivos e políticos da ditadura militar no país.
Outro caso revelador ocorreu com a morte da brasileira Juliana Marins, que, em julho de 2025, caiu durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia e morreu tendo grande demora e dificuldade em ser resgatada. A comoção pela tragédia — uma jovem mulher, viajando sozinha, num país distante — rapidamente se converteu em linchamento digital: milhares de comentários foram direcionados a perfis institucionais do governo indonésio, páginas de turismo e guias locais, exigindo justiça, responsabilizando as autoridades e até impropérios contra a geografia do lugar.
Comentários como “Nunca mais piso nesse país” ou “Culpa é da Indonésia, não da Juliana” inundaram as postagens, revelando uma forma de projeção emocional difusa, que transforma a dor em ataque, e o luto em julgamento público sem mediação.
Emoção coletiva modulada por algoritmos
Esses episódios exemplificam o que podemos chamar de enxameamento afetivo-opinativo: reações coletivas amplificadas por redes, em que o desejo de expressão individual se funde a uma emoção coletiva modulada por algoritmos.
Nos embates políticos como o do tarifaço, trata-se menos de posicionamento ideológico definido do que de resposta imediata à quebra de expectativa, ao deslocamento simbólico, ao incômodo que não encontra lugar na gramática pública tradicional.
O engajamento do comentariado não busca solução, busca visibilidade, efeito e validação performática. A reação passa a ser um fim em si mesma. Esses episódios mostram o quanto a esfera pública digital se tornou também uma arena de reações emocionais desproporcionais, que oscilam entre o desejo de justiça e o impulso punitivista, entre o afeto nacionalista e a intolerância persecutória.
O comportamento de enxame expressa tanto uma inteligência coletiva emergente quanto uma lógica predatória, em que a defesa da nação pode, paradoxalmente, andar de mãos dadas com a produção de ódio, desinformação e linchamento moral.
Esse tipo de reação não precisa de passaporte, tampouco de credenciais institucionais. Basta um celular, uma conexão estável e o desejo de opinar sobre tudo. Como politizar os afetos?
Espaço público digital
Há aqui um campo fértil de análise: esse comportamento de enxame, ao mesmo tempo reativo e criativo, ofensivo e comunitário, revela as formas contemporâneas de construção de sentido e pertencimento no ambiente digital.
Não há ironia suficiente que dê conta da intensidade com que brasileiros comentam tragédias geológicas e premiações culturais como se estivessem em uma final de Copa do Mundo — mas talvez essa seja justamente a pista: a lógica do futebol, da torcida, do antagonismo, da catarse coletiva, passou a organizar também os afetos políticos e culturais no espaço das redes.
A pergunta que se impõe, portanto, não é se essas reações são “justificáveis”, mas o que elas nos dizem sobre a forma como se estrutura o espaço público digital hoje: como uma arena de disputas simbólicas de alta rotatividade, onde qualquer post pode virar palanque, trincheira ou tribuna — e onde o senso de pertencimento passa pela performance comentada.
Como pensar uma lógica de mediações e regulações, aqui? O que temos é uma ruidocracia em rede, operando em tempo real, guiada por afetos de choque, memes de protesto e uma memória coletiva que vive e morre em alguns caracteres por segundo.
O comentariado brasileiro, com sua mistura de humor e e patriotismo performativo, transformou-se em uma força geopolítica que pode ser espontânea, mas também manipulada por algoritmos e fake news, já que o negócio das redes é justamente o engajamento, pouco importando se para atacar as democracias e a coesão social ou abolir o Estado Democrático de Direito. Como diria um anônimo: “Não sei o que está acontecendo, mas vim aqui defender o Brasil”.
O poder do comentariado na era digital
As interações e conversações na era das redes digitais e plataformas se tornaram tão cotidianas e alteraram de tal modo nossas formas de conversar que, desde 2015, Sherry Turke reivindicava uma restauração da conversa presencial, no seu livro Reclaiming Conversation: The Power of Talk in a Digital Age.
Quanto você está presente em uma conversa? As tecnologias digitais e redes sociais, ao abrirem janelas de co-presença (estou aqui, mas estou olhando o WhatsUp, as notificações, meu feed) afetaram nossa capacidade de manter conversas significativas cara a cara, diminuindo o engajamento emocional, afetando nossa empatia e nos “distraindo”.
Ao mesmo tempo, as redes e plataformas digitais abriram um campo de interações e conversações novas em tempo real e em fluxo contínuo, com desconhecidos, em escala massiva.
Sherry Turke argumenta que as conversas presenciais têm o poder de construir conexões mais duradouras, resolver conflitos, que a presença física permite a leitura de expressões faciais, linguagem corporal e tom de voz, elementos que podem ser cruciais para uma comunicação ou interação mais significativas, que crie laços emocionais e vínculos mais fortes.
Acompanhamos nas redes, pessoas que são habitués dos comentários, que disputam opiniões, razões, interagem, se apoiam, se digladiam, fazem humor e fomentam uma prática dialógica, de trocas reais, ou monológica (reafirmação repetida de valores e crenças). A conversação entre muitos produz novas associações, informações e sentidos que “fogem” por todos os lados. Uma inusitada forma de estar juntos, que atravessa os mais diferentes estados emocionais e mentais, como em uma conversa infinita.
Estamos vendo um deslocamento da comunicação de uma função informativa para sua função expressiva nessa conversação de muitos com muitos?
Para além de informar, o comentariado passa a inserir funções derivadas (o humor, o entretenimento, a hiperpolarização), a interação passa a ser comandada pelos desejos e crenças, por caixas de ressonâncias, ou câmaras de eco e “bolhas”[ii] em que as pessoas são expostas principalmente a opiniões semelhantes às suas, reforçando suas crenças e percepções, eliminando o contraditório. A informação circula em loop, como um eco que se repete sem ser questionado.
Essa interação afetiva já vinha se desenhando com a “economia do like”, as curtidas, os emojis, os ranqueamentos e listas de amigos, conhecidos, seguidores, “seguimores” e odiadores, uma franca virada da comunicação para incorporar e monetizar a economia dos afetos e da reação emocional.
O grau de virulência de muitos desses comentários excede muitas vezes o razoável ou a legalidade e violam as regras da convivialidade e (eis a batalha para regular redes e plataformas) poderiam ser suspensos, pausados, bloqueados ou mesmo banidos ou excluídos de um ambiente digital.[iii]
Podemos dizer que o comentariado pode expressar uma “intelectualidade de massa”, uma inteligência coletiva, mas também produzir uma turba e multidão virtual enfurecida e capaz de produzir estragos reais e subjetivos, no seu enxameamento.
Comentando os comentários: fragmentos do discurso afetivo
Fazer e seguir comentários de um, de dez ou de mais de duas mil pessoas em um post nas redes sociais e plataformas tornou-se um hábito ou um “vício” como dizem alguns, que os próprios comentadores contumazes costumam denunciar e celebrar: “só vim para ler os comentários”, “aguardando os comentários”, “pelo nível dos comentários”, “vendo os comentários”, “é cada comentário”, “pela quantidade de comentários”, “não posso comentar porque não tenho advogado”, etc. Um prazer e consciência que passa por essa escrita quase de exorcismo e catarse.
Aqui, destaco esse comentariado afetivo, que habita principalmente os posts que ativam a memória, os afetos e hábitos cotidianos, os pequenos gestos impensados, as expressões do dia a dia. São depoimentos, casos e finas observações sobre irmãos, família, cachorros e gatos, amigos, cerveja, festas, chinelos, cozinha, faculdade, sexo, mães, uma impressionante contribuição milionária, divertida e inusitada de fragmentos de discursos sobre a vida.
Os comentários que envolvem matérias de ter político-partidário, comportamentos, posições políticas tendem a ser bem mais maniqueístas e clichês, com um nível de redundância maior nas argumentações e no tom utilizado.
Foi nesse campo que desde as eleições presidenciais de 2018, com a ascensão de grupos de extrema direita no país passamos também a estudar o chamado comportamento de manada ou de enxameamento, nas ruas e nas redes. Uma noção que faz uma analogia do comportamento humano com o comportamento de animais quando se juntam para se proteger, reagir a uma ameaça ou fugir de um predador.
Entre os humanos essas noções são usados para analisar “decisões” e comportamentos coletivos, a partir de um influenciador, a partir de outros indivíduos ou grupos (mas também a partir do uso massivo de bots ou robôs nas redes, bombardeamento de notícias, etc.). Elementos e agentes que produzem ou fazem emergir uma “tendência” ou uma “opinião pública fabricada” e que podem estar presentes tanto nas decisões voláteis do mercado financeiro, na eclosão de protestos nas ruas, atos e ondas de solidariedade e comoção ou em comportamentos predatórios e extremistas.[iv]
Inteligência de enxame
Mas, para além do enxameamento cooperativo das formigas e abelhas, decisivo para a sobrevivência da colônia, tema abordado por Johnson, a cultura digital deu visibilidade e facilitou também os enxameamentos predatórios, que podem ser encontrados na natureza, em cardumes de peixes, matilhas de lobo, bandos de pássaros de rapina que cooperam para aumentar as chances de sucesso em ataques a suas presas.
No mundo digital, os ataques hackers, os usos de bots maliciosos, os ataques coordenados usando fake news e disparos nos grupos de Whatsapp e Telegram, o uso de algoritmos para “bombardear” grupos , redes, sistemas e pessoas com desinformação e produção de medo, ira e indignação, também tem produzido discursos de ódio, ações violentas e/ou saques e mostrado grande eficácia.
A ciência da computação e a Inteligência Artificial, buscando desenvolver algoritmos e modelos computacionais capazes de resolver problemas complexos, científicos, de saúde, voltados para o bem comum, também tem produzido experimentos pouco éticos com enxameamentos e comportamentos de manada que estamos longe de acessar ou acompanhar de forma transparente ou com poder de barrar ou intervir.
O que traz o debate para todos os desdobramentos políticos, jurídicos e sociais hoje, com o uso da Inteligência Artificial no ChatGpt, nos aplicativos de produção de textos e imagens que podem violar direitos autorais, plataformas e Big Techs lucrando com desinformação, viés de interpretação e tantas outras questões difíceis.
Falar sempre foi um lugar de poder. Opinar, analisar, publicar constitui capital simbólico e real passível inclusive de monetização. O que estamos experimentando é uma mudança, um “declínio” desse intelectual público clássico com a ascensão da cultura digital e do comentariado: da massa que opina, publica, critica, dos intelectuais do Youtube, do Instagram, dos influenciadores e formadores de opinião do Twitter, agora X (BENTES, 2024).[v] Eles já colocam em xeque a reserva de mercado de inteligência, opinião e análise do intelectual clássico, provocando uma redistribuição de capital simbólico.
Como vimos, o comentariado tem produzido comportamento de manada, enxameamentos para o bem e para o mal, linchamentos, cancelamentos, destruição de reputações, desinformação global e fake news, um efeito colateral da cultura digital massiva imprevisível e que de fato não foi previsto pela maioria dos pensadores do digital. Mas produz também outra desordem estrutural que possibilita uma nova partilha do sensível.
Em uma matéria de 2019, da Agência Pública nos damos conta como nos últimos anos, a plataforma do Facebook “acelerou os registros de patentes relacionadas à modulação de reações emocionais dos usuários ”, apresentando conteúdos adicionais para um usuário de redes sociais baseado em uma indicação de tédio”: “A ferramenta permite que uma rede social identifique níveis de tédio – como recarregamento do feed de notícias e baixa interação com publicações – e iniba essa sensação. “A rede social apresenta conteúdos alternativos através do feed de notícias ao usuário com indicativo de tédio para encorajá-lo a interagir com os conteúdos”, explica o texto da patente”.[vi]
O deslizamento e rolagem infinita das telas não é “natural’, mas um resultado do design e interface que nos impulsionam mais e mais, produzindo uma grande dificuldade de se desligar ou largar os aparelhos de celular, um vício, um hábito, um “calo”, uma ‘muleta” emocional. O espaço cada vez mais relevante e massivo para os comentários nas postagens e plataformas está nessa fronteira de um desejo vital de expressão e comunicação e sua gestão e modelagem.
Fato é que a conversação digital aponta para novos povoamentos imprevisíveis que se formam em linhas e linhas desse comentariado engajado, deslizante e mesmo esquizo, como em uma conversa de bar em que se pula de tópico em tópico com uma liberdade e cumplicidade que engaja e envolvem os comentadores e oferece para quem lê um instantâneo dessa emergente ruidocracia, como gosto de nominar a esfera pública digital.[vii]
*Ivana Bentes é professora titular da Escola de Comunicação da UFRJ. Autora, entre outros livros, de Mídia-Multidão: estéticas da comunicação e biopolíticas (Mauad X) [https://amzn.to/4aLr0vH]
Notas
[i] A jornalista Flávia Oliveira comentou sobre esse fenômeno no Estúdio i da Globo News em 11/07/2025
[ii] Algumas referências: SUNSTEIN, Cass R.Republic.com 2.0. Princeton: Princeton University Press, 2007; PARISER, Eli. The filter bubble: what the internet is hiding from you. New York: Penguin Press, 2011.
[iii] O Projeto de Lei (PL 2630/20) propõe regulamentar as redes sociais no Brasil, abordando temas como privacidade, liberdade de expressão e proteção dos usuários, atribuição de responsabilidades às plataformas e a atuação da Anatel (PL 2768/22) para regular o funcionamento e a operação das plataformas digitais no Brasil.
[iv] Em seu livro Cultura da Interface: como o Computador Transforma nossa Maneira de Criar e Comunicar, Steven Johnson já fazia, no início dos anos 2000, uma analogia a partir dos estudos da swarm intelligence, a inteligência de enxame, que estuda o comportamento de abelhas, formigas e pássaros. Johnson apontava como as pessoas estavam usando a tecnologia digital para se reunir, colaborar e agir coletivamente em uma escala global. De lá para cá, tivemos cada vez mais evidências de quanto o enxameamento digital impacta na política, na sociabilidade, no ativismo na cultura.
[v] BENTES. Ivana. Só vim aqui para ler os comentários. In: José Brito; Acácio Jacinto. (Org.). Mídias educativas e Impacto Social. 1ed.Rio de Janeiro: Mórula, 2024, v. , p. 262–276.
[vi] https://apublica.org/2019/07/como-o-facebook-esta-patenteando-as-suas-emocoes/
[vii] Parte desse texto tem como base o tema desenvolvido no ensaio BENTES. Ivana. Só vim aqui para ler os comentários. In: José Brito; Acácio Jacinto. (Org.). Mídias educativas e Impacto Social. 1ed.Rio de Janeiro: Mórula, 2024, v. , p. 262–276.
Como a cena política mudou em quatro semanas. O esforço dos EUA para manter, por meios violentos, uma hegemonia em crise. Ilusão e isolamento da ultradireita. Por que Lula não pode recuar. O que aprendemos sobre “correlação de forças”
# Trump, o tarifaço e a política brasileira em aberto
Jean Marc von der Weid (Outras Palavras)
# O Brasil e a encruzilhada da hegemonia americana Philip Yang(Piauí)
Anna Kornbluh: Para enfrentar o presentismo
Pensadora estadunidense analisa tendências na política e na arte para entender o capitalismo "tardio demais". A chave para compreendê-lo: a imediatez, que reduz a capacidade de reflexão. A saída: restaurar a mediação entre experiência bruta e compreensão
# Blog da Boitempo
Caso Wilker Leão, o estudante que grava aulas para “denunciar a doutrinação marxista” evidencia a postura da ultradireita em debates: falsificação da realidade, sob pretexto da crítica. Com isso, busca (...) deslegitimar a produção crítica do saber
# Marcus Silva e Bruno Luize (Outras Palavras)
A complexidade política e institucional da crise engendrada pela extrema direita brasileira em aliança com o trumpismo põe o Brasil diante de alternativas pesadas e talvez nunca pensadas na nossa história. A 1a delas - e a mais importante - é a da mobilização popular em defesa da soberania nacional. A 2a é a da internacionalização da crise em torno de um bloco de alianças no âmbito de organismos que retirem das mãos de Trump a iniciativa que o coloca como um poder 'imperial'. A 3a é a da articulação regional e local com outros polos de poder que isolem a agressão dos EUA contra o sistema de equilíbrio geopolítico e econômico que vem sendo construído gradativamente com forte presença brasileira (J.S.Faro)
# Governo vê Trump convencido por Bolsonaro e teme mais sanções. Mariana Sanches (Uol)
# Grupo jurídico pede mobilização da sociedade contra sanções de Trump. Fábio Zanini (Folha)
# Política externa de Trump é a chantagem, diz professor da UnB. Tatiana Carlotti (Opera Mundi)
# Atuação de Eduardo desafia Justiça e pode levar a cassação. Ana Gabriela O. Lima (Folha)
# Tornozelera despiu bolsonarismo do falso patriotismo. Sakamoto (Uol)
# Eduardo Bolsonaro, traidor remunerado pela Pátria. Josias de Souza (Uol)
# Vazio1: Truculência debilita direita. Dora Kramer (Folha)
# Vazio2: Tarcísio vira drone de Bolsonaro. Josias de Souza (Uol)
A articulação entre sistemas domésticos de pagamento, como o PIX no Brasil e o UPI na Índia, e o avanço do Banco dos Brics viabilizam uma arquitetura financeira multipolar, na qual os países do Sul Global podem transacionar, desenvolver e acumular valor com menor exposição às pressões, sanções e volatilidades impostas pela hegemonia do dólar
Sociólgo aponta que ofensiva de Trump contra o Brasil (também) visa proteger interesses das grandes empresas de tecnologia
Dossiê reuniui provas do que acontecia nos porões da ditadura. Por seu detalhamento das atrocidades, foi considerado a primeira Comissão da Verdade do país. Ainda hoje, é chamado para a responsabilização dos crimes. Magali Cunha (Outras Palavras)
Reflexões do psiquiatra e revolucionário martinicano são indispensáveis para entender o papel do racismo no sofrimento dos povos colonizados. Leia trecho exclusivo de obra recém-lançada pela Boitempo. Deivison Faustino e Miriam Dubieux Rosa (Outras Palavras)
(Outras Palavras)
O desafio, hoje, é reconstruir sentidos para o trabalho docente e para a linguagem universitária. É preciso recusar a naturalização do cansaço e da perda do tempo partilhado. É necessário desobedecer ao mandato da eficiência que apaga a escuta, a dúvida e a sensibilidade
Notas marginais de um corno epistemológico diante de uma sala de aula vazia e do colapso da escuta educacional.
Nota 8 virou injustiça histórica
Notas inflacionadas, egos inflados: um ensaio sobre a falência avaliativa nas ciências humanas