Lula 3
Impasse na periferia do capitalismo
Ensaio de Luiz Filgueiras publicado em seis partes por Outras Palavras. Título original Capitalismo dependente e terceiro governo Lula.
Num país subalternizado, e em meio ao ressurgimento mundial do fascismo, busca-se mitigar dores sem encarar suas causas. Como dar um passe adiante?
1a parte: A partir da perspectiva da Teoria Marxista da Dependência (TMD) atualizada (Amaral:2012)1, este ensaio tem por objetivo geral discutir as dificuldades e limitações históricas dos governos de esquerda no Brasil em implementar os seus programas (econômico, social e político), principalmente no que se refere ao seu eixo central, qual seja: a necessária, e urgente, mudança estrutural da distribuição de renda e da riqueza entre as classes – condição fundamental, necessária, embora não suficiente, para o enfrentamento das demais desigualdades sociais (de gênero, raça etc.) que organizam e estruturam historicamente o capitalismo, em particular o capitalismo dependente brasileiro (Almeida:2019).
2a parte: Viagem às mutações do capitalismo brasileiro. Para compreender os impasses de Lula 3, é preciso examinar como a estrutura econômica do país regrediu em três décadas. Somos agora mais periféricos, dependentes e financeirizados. A criação política requer ainda mais sabedoria e determinação.
3a parte: Brasil: exame de uma regressão histórica. Há razões para que mudanças reais pareçam tão difíceis. Há três décadas, país conformou-se à nova ordem ditada pelo neoliberalismo e assumiu condição subalterna. Lula e Dilma tentaram reversão apenas parcial – e sua obra foi devastada após o golpe.
4a. parte: Dependência, desigualdade e... ditadura. Para a Teoria Marxista da Dependência, a herança colonial segue presente, na forma de superexploração e subalternidade. Incapazes de garantir bem-estar e estabelecer consensos, classes dominantes apelam à força bruta. Daí seu flerte eterno com ditadores.
5a. parte: Lula e a esquerda em seu torvelinho. Num país dependente e regredido, governo lida com correlação de forças especialmente adversa. Para superar o fascismo e iniciar mudanças reais, precisa mobilizar a sociedade. Mas é um erro atribuir apenas a ele esta enorme responsabilidade.
Quo Vadis?
O líder que pleiteava um terceiro mandato à frente do Planalto disse só aceitar a incumbência se tivesse condições de realizar mais e melhor.