Um banco a serviço dos interesses públicos
Lula discursa na cerimônia de posse de Aloísio Mercadante na presidência do BNDES
Lula disse 2 coisas importantes no Rio de Janeiro, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. A primeira foi a maneira direta e precisa como definiu os atos terroristas ocorridos em Brasília em 8 janeiro: "revolta dos ricos que perderam as eleições". A esta altura, de tudo quanto foi descoberto sobre a armação golpista, só mesmo bolsonaristas fanáticos, alguns setores das Forças Armadas e o Estadão - além dos próprios financiadores da baderna - é que ainda põem em dúvida a base social de apoio da sedição fascista cujo objetivo era destituir Lula. O que se viu em Brasília foi a explosão do desespero que as elites brasileiras vocalizaram na agonia civil desse lumpen em que se transformaram as gangues da extrema-direita brasileira.
A segunda coisa dita por Lula com muita propriedade foi a definição que deu ao lugar que o BNDES tem na política econômica que será implementada em seu governo. Aqui revela-se a natureza social do projeto desenvolvimentista com o qual tanto o presidente quanto os nomes-chave de sua equipe se identificam: direcionar o crescimento econômico como instrumento de distruibuição da riqueza e de melhoria geral das condições infraestruturais do capitalismo brasileiro. Há nessa opção, cuja filosofia Lula herda do pensamento social-democrata, uma clara disposição em tornar o Estado não a caixa de poupança dos interesses privados, mas o ente condutor e norteador dos investimentos financeiros voltados para a sociedade na sua forma mais ampla, tarefa para qual nossa burguesia é completamente despreparada; e não só despreparada, mas parasita do dinheiro público e incapaz de estimular a inovação técnica e produtiva do próprio sistema que tem nas mãos. Como disse alguém, nossos empresários são figuras do pequeno capital. Para quem duvida disso recomendo uma breve observação sobre a forma selvagem como concentram riqueza nas suas mãos em meio à massa de carências em que vivem os brasileiros.
O BNDES tem agora nas mãos de Mercadante o desafio de vencer, com resultados expressivos, a barreira política que se ergue contra ele enquanto portador dessa nova filosofia.
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